Santa do Dia – 12 de Maio Santa Joana de Portugal

A princesa que escolheu a cruz

Um exemplo de renúncia, fé e santidade para o povo cristão

A santidade, muitas vezes, se revela onde o mundo menos espera. Entre castelos e coroas, poder e privilégios, nasceu uma jovem portuguesa que, mesmo cercada de tudo o que o mundo podia oferecer, escolheu a simplicidade, a oração e o serviço a Deus. Essa jovem foi Santa Joana de Portugal, filha de rei, mas serva do Altíssimo, que trocou o trono por uma vida de entrega ao amor divino.

Neste 12 de maio, a Igreja recorda sua memória, celebrando não apenas uma princesa, mas uma mulher que renunciou à glória do mundo por um Reino eterno. Um exemplo que continua a tocar os corações, especialmente no Brasil, país com profundas raízes da espiritualidade portuguesa.

Nascimento e origem real

Santa Joana nasceu em 6 de fevereiro de 1452, na cidade de Lisboa, filha do rei Dom Afonso V de Portugal e da rainha Isabel de Coimbra. Desde pequena, Joana foi criada em meio ao luxo da corte, cercada de mestres, damas e conselheiros. Tudo indicava que teria um futuro brilhante como rainha ou grande figura política da Europa cristã.

Entretanto, a morte precoce de sua mãe e os muitos conflitos dinásticos marcaram sua infância com perdas e desafios. Joana cresceu com um espírito observador, discreto e sensível às questões espirituais. Ainda muito jovem, demonstrava uma profunda inclinação à oração, ao silêncio e à caridade.

A escolha pela vida consagrada

Apesar de sua origem nobre, Joana sentia que seu coração não pertencia ao mundo. Desde os 13 anos, começou a manifestar o desejo de se consagrar totalmente a Deus. Contudo, sendo a única filha sobrevivente do rei Afonso V, ela era vista como uma peça estratégica para alianças políticas, especialmente através do casamento.

Muitos príncipes e nobres estrangeiros enviaram propostas para desposá-la, entre eles o rei Carlos VIII da França. Joana recusou todos, com firmeza e doçura. Seu pai, embora contrariado, acabou cedendo ao profundo desejo da filha, que insistia:
“Sou esposa de Cristo.”

Com cerca de 20 anos, Joana se retirou da corte e ingressou no Mosteiro Dominicano de Jesus, em Aveiro, onde passou o restante da vida em oração, penitência e serviço humilde. Mesmo no convento, continuava a ser chamada de “a princesa santa” por causa de sua origem.

Uma religiosa sem votos solenes

Curiosamente, Santa Joana nunca chegou a fazer os votos solenes como freira. Isso se deu por uma condição imposta pela coroa: o rei autorizou sua entrada no convento com a condição de que ela não professasse os votos finais, pois, caso o trono ficasse sem herdeiros, ela deveria estar disponível para reassumir obrigações dinásticas.

Apesar disso, Joana viveu com humildade e disciplina igual a qualquer religiosa. Dormia em cama de tábua, comia com moderação, cuidava das doentes, lavava os utensílios da cozinha e dedicava horas à oração silenciosa. Era discreta, generosa e firme na fé.

O povo de Aveiro logo passou a venerá-la em vida, chamando-a de “a senhora santa”.

Vida interior e dons espirituais

Os relatos históricos e devocionais sobre Santa Joana indicam que ela tinha dons espirituais elevados:

  • Visões místicas, nas quais via o Menino Jesus ou era confortada por Nossa Senhora;
  • Espírito de profecia, anunciando fatos antes que ocorressem;
  • E até fenômenos de bilocação (estar em dois lugares ao mesmo tempo), segundo registros de freiras contemporâneas.

 

Nada disso, porém, era exibido com vaidade. Pelo contrário, Joana buscava manter sua vida interior oculta e humilde, temendo o orgulho espiritual.

Morte e fama de santidade

Santa Joana faleceu em 12 de maio de 1490, aos 38 anos, após uma vida de serviço escondido, renúncia silenciosa e entrega total a Deus. Seu corpo foi sepultado no próprio mosteiro onde viveu.

Logo após sua morte, a cidade de Aveiro e toda a região passaram a celebrar sua memória com grande fervor. Muitos atribuíam graças e milagres à sua intercessão, especialmente curas de doenças e intervenções em casos de injustiça.

Mesmo sem ser canonizada oficialmente por muitos séculos, seu túmulo passou a ser local de peregrinação e fé.

Beatificação e culto público

A beatificação oficial de Santa Joana ocorreu apenas em 4 de abril de 1693, pelo Papa Inocêncio XII. Desde então, o culto a ela foi autorizado para toda a diocese de Aveiro, e sua festa litúrgica foi fixada no dia 12 de maio, data de sua morte.

O processo de canonização (título de santa) ainda não foi concluído oficialmente pelo Vaticano, mas na prática e na devoção popular, Santa Joana é considerada santa há séculos, especialmente em Portugal e no Brasil.

Seu corpo repousa hoje em um belíssimo relicário na Igreja do Convento de Jesus, em Aveiro, onde continua a atrair fiéis de todo o mundo.

Devoção no Brasil

No Brasil, onde a fé católica tem raízes profundas na tradição portuguesa, Santa Joana é invocada especialmente por mulheres que enfrentam desafios familiares, vocacionais ou espirituais.

Em algumas comunidades, ela é lembrada como padroeira das vocacionadas, ou como protetora das mulheres que desejam servir a Deus com liberdade interior, seja como mães, freiras ou leigas consagradas.

Em cidades com influência lusitana, como em Minas Gerais e no Nordeste, existem pequenas capelas ou grupos devocionais dedicados a ela.

O exemplo de Santa Joana hoje

Santa Joana de Portugal nos fala ao coração mesmo nos dias atuais. Em um mundo que valoriza status, visibilidade e poder, ela nos ensina o valor do silêncio, da humildade e da vida interior.

Sua história inspira mulheres e homens que precisam dizer “não” ao mundo para dizer “sim” a Deus. Seu exemplo convida a todos nós a escolher o essencial: o amor que não busca aplausos, mas se doa por inteiro.

Ela nos mostra que a verdadeira realeza está em servir — e que a santidade não exige fama, mas fidelidade.

Oração a Santa Joana de Portugal

Ó Santa Joana, serva fiel de Cristo,
que renunciaste ao trono por amor ao Reino de Deus,
ensina-nos a buscar aquilo que é eterno.

Intercede por nós, para que sejamos firmes na fé,
generosos na entrega e humildes no coração.

Ajuda-nos a viver como tu viveste:
em oração, em silêncio, em caridade.

Santa Joana, guia os vocacionados, consola os que sofrem,
e inspira-nos a escolher sempre o que agrada a Deus.

Amém.


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