Santo do Dia 23 de Maio – São Joao Batista de Rossi

O Apóstolo da Misericórdia

Uma vida de serviço aos pobres, doentes e esquecidos da sociedade

No dia 23 de maio, a Igreja Católica recorda com reverência e admiração a memória de São João Batista de Rossi, um sacerdote que consagrou sua vida à caridade, à confissão e à compaixão pelos mais abandonados. Entre os séculos XVII e XVIII, viveu em Roma, dedicando-se silenciosamente ao apostolado junto aos enfermos, encarcerados e pobres.

Este santo humilde, desconhecido de muitos, é um farol de misericórdia e exemplo de uma fé encarnada no serviço cotidiano. Em um mundo frequentemente marcado pela pressa e pelo egoísmo, São João Batista de Rossi nos lembra que o amor concreto é o caminho mais curto até o céu.


Nascimento e infância: vocação moldada na simplicidade

João Batista de Rossi nasceu em 22 de fevereiro de 1698, em Voltaggio, uma pequena vila na região de Gênova, norte da Itália. Seus pais eram simples, mas piedosos, e transmitiram ao filho o amor à fé católica desde cedo. Ainda jovem, João Batista foi enviado a Gênova, onde trabalhou como pajem em uma casa nobre, em troca de estudos.

Aos 13 anos, mudou-se para Roma, acolhido por um primo sacerdote. Ali, ingressou no prestigiado Colégio Romano dos Jesuítas, dedicando-se ao estudo de filosofia, teologia e línguas clássicas. Mesmo jovem, já era notado por sua vida de oração e espírito de caridade.


Um coração voltado para os marginalizados

Durante a juventude, mesmo como seminarista, João Batista visitava hospitais, prisões e casas de acolhida. Tinha o dom de consolar os sofredores e dar esperança aos desanimados. Certa vez, ao ser questionado por que passava tanto tempo entre doentes e prisioneiros, respondeu:

“Cristo está escondido em cada um deles. Quem os toca com amor, toca o próprio Cristo.”

Esse espírito de compaixão o acompanharia até o fim da vida. A caridade não era apenas virtude em João Batista – era missão.


Sacerdócio: uma vida entregue no confessionário

Foi ordenado sacerdote em 1721, aos 23 anos. A partir de então, João Batista de Rossi abraçou com intensidade duas grandes vocações:

  1. Consolador dos pobres e enfermos
  2. Confessor incansável dos pecadores

Ele passava horas ouvindo confissões. Não julgava. Acolhia com mansidão e apontava o caminho da reconciliação. Era tão procurado que se formavam filas de penitentes, desde os mais humildes até nobres e religiosos.

Além disso, João Batista visitava os presídios romanos, levando os sacramentos e a esperança aos presos esquecidos pela sociedade.


Fundador e educador dos abandonados

Preocupado com a formação moral e cristã da juventude abandonada, fundou:

A Casa de Santa Gala, voltada para rapazes em situação de vulnerabilidade;

A Casa de São Luís Gonzaga, voltada para moças necessitadas;

A Pia União de Sacerdotes Seculares, para fomentar a santidade entre o clero.

Tudo isso foi feito sem dinheiro, mas com fé, confiando na providência divina e contando com doações espontâneas. Seu estilo era discreto, mas eficiente.


Uma vida de sofrimento vivido com fé

Durante toda a vida adulta, João Batista de Rossi sofreu com crises de epilepsia, além de problemas graves de visão. Ele poderia ter abandonado os compromissos públicos, mas preferiu unir seu sofrimento ao de Cristo.

Nunca reclamava. Sempre com um sorriso sereno no rosto, dizia que a dor era um presente que o aproximava do Crucificado. Essa disposição alegre mesmo diante das adversidades encantava os que o conheciam.


Sua morte e a fama de santidade

Faleceu em 23 de maio de 1764, em Roma, aos 66 anos. Seu enterro foi simples, como sua vida, e foi custeado por esmolas recolhidas por seus devotos.

Logo após sua morte, começaram os relatos de graças alcançadas por sua intercessão, especialmente cura de doenças, conversões e reconciliações familiares.

Foi beatificado em 1860 e canonizado em 8 de dezembro de 1881 pelo Papa Leão XIII.


A espiritualidade de São João Batista de Rossi

Se pudesse ser resumida em uma palavra, seria: misericórdia. Ele nos ensina que:

  • A vida cristã é doação constante ao próximo;
  • A confissão não é um tribunal de condenação, mas um encontro de cura;
  • A caridade supera qualquer barreira de julgamento, classe ou pecado;
  • Servir aos esquecidos é abraçar o próprio Jesus disfarçado de dor.

Sua frase preferida era:

“As mãos que ajudam são mais santas do que os lábios que apenas rezam.”


Oração a São João Batista de Rossi

Ó São João Batista de Rossi,
servo da misericórdia e amigo dos mais pobres,
ensina-nos a amar com atos, não apenas palavras.

Que teu exemplo nos inspire a buscar os que estão à margem,
a visitar os que sofrem,
e a confessar com humildade nossos pecados.

Intercede por nós,
para que sejamos canais da graça de Deus.

Amém.


Devoção no Brasil e no mundo

Embora menos conhecido que outros santos, São João Batista de Rossi é especialmente venerado na Itália e em regiões onde a ação pastoral se volta para as periferias humanas. Em Roma, seu túmulo é local de oração silenciosa para padres, seminaristas e missionários da caridade.

No Brasil, várias capelas e casas de acolhida levam seu nome, sobretudo em regiões onde o serviço social e a evangelização andam juntos. Seu exemplo vem sendo redescoberto em tempos atuais, como modelo de santidade “de rua”, fora dos altares, junto aos pobres.


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